Novo atentado deve afetar ainda mais o turismo na Turquia
O turismo na Turquia, já sob o peso de repetidos ataques, corre o risco de afundar neste ano com o triplo atentado suicida ocorrido na terça-feira à noite (28) no Aeroporto Internacional de Istambul.
Pelo menos 41 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas neste novo ataque a atingir a maior cidade da Turquia, e a mais visitada também.
O quinto ataque suicida na Turquia em um ano, carrega, de acordo com Ancara, a marca do grupo extremista Estado Islâmico e, como qualquer ataque suicida, suas imagens chocam pela carnificina - muito destoante com os folhetos turísticos.
No último ano, os ataques em Istambul e Ancara, que mataram quase 200 pessoas e fizeram milhares de feridos, também assustaram os turistas, cujas chegadas atingiram seu mais baixo nível em 22 anos.
Eles atingiram uma indústria que era uma das principais fontes de renda da economia turca, com quase 30 bilhões de euros (R$ 110 bilhões) por ano.
Esta foi também uma das motivações expressas pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK), um grupo radical próximo do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), em sua reivindicação do atentado com carro-bomba bomba que fez 11 mortos em 10 de junho, no centro histórico de Beyazit, uma área turística de Istambul.
"Queremos alertar os turistas estrangeiros na Turquia e aqueles que querem vir para cá: Os estrangeiros não são o nosso alvo, mas a Turquia não é um país seguro para eles", ressaltou a organização.
Os ataques recentes afetaram principalmente as atrações turísticas mais emblemáticas: em Istambul, em 12 de janeiro, 12 turistas alemães foram mortos em um ataque suicida na área de Sultanahmet. O ataque, atribuído ao EI, foi perpetrado perto da basílica de Santa Sophia e da Mesquita Azul, joias do patrimônio cultural e arquitetônico da Turquia e pontos turísticos.
Dois meses depois, em 19 de março, quatro turistas estrangeiros - três israelenses e um iraniano - foram mortos por um suicida, aparentemente do EI, na avenida mais famosa e mais movimentada de Istambul, Istiklal.
Mar turco
O ataque no aeroporto na terça-feira à noite coincidiu com o feriado do bayram, período de viagens, e a temporada de verão, já em pleno andamento neste país de sol, mar turco e monumentos.
Mas, para o mês de maio, o ministério do Turismo informou o maior declínio nas chegadas em 22 anos, com uma queda de quase 35% no número de turistas estrangeiros, 2,5 milhões de visitantes.
Se o número de turistas russos despencou logicamente por causa da disputa diplomática entre Ancara e Moscou (90%), as chegadas também caíram para as outras nacionalidades - alemães, britânicos e georgianos à frente. No total, durante os primeiros cinco meses do ano, esse número diminuiu em 23%.
O Estado Islâmico, se a sua responsabilidade for confirmada, "acaba de atingir o segundo local mais emblemático de Istambul depois da Praça Taksim", disse à AFP Soner Cagaptay, diretor do programa de pesquisa sobre a Turquia no Instituto Washington.
Com o ataque no aeroporto Atatürk, é o transporte aéreo que é o alvo, e a companhia Turkish Airlines, carro-chefe da Turquia moderna do presidente Recep Tayyip Erdogan, que possui uma das frotas mais modernas do mundo.
"O aeroporto é o centro operacional da Turkish Airlines, a única empresa turca conhecida no exterior, e o símbolo da indústria do turismo", diz o analista.
Neste contexto, os esforços da Turquia para promover uma indústria do turismo afetada pela insegurança que prevalece parecem muito vaidosos.
O governo turco anunciou na primavera um plano de ajuda de vários milhões de euros para apoiar a atividade turística, mas que parece não surtir efeito.
Em desespero, as autoridades turcas imergiram um Airbus A300 em Kusadasi, um popular resort no Mar Egeu, para promover o turismo relacionado ao mergulho.
Uma imagem metafórica, talvez, para toda uma indústria que parece afundar.