Capixaba morre durante passeio em Machu Picchu, no Peru
Uma capixaba de 57 anos morreu na última segunda-feira (12) enquanto visitava as ruínas da cidade de Machu Picchu, no Peru. A professora aposentada Maria de Fátima Cavati Castellan morava na zona rural de São Gabriel da Palha, na região Noroeste do estado, e viajava em um grupo de excursão.
"Ela fez a caminhada de subida até as ruínas e na descida se sentiu mal. Funcionários do parque tentaram socorrer, fazer o atendimento, mas a morte foi súbita", contou uma das filhas da vítima, Mara Castellan.
Maria de Fátima viajava com duas irmãs na excursão. Segundo a família, todos tomaram as precauções necessárias para evitar os efeitos da altitude.
"Ela tinha ido para o Chile, onde a altitude era ainda maior que no Peru, e não sentiu nada. Ela não tinha problemas de saúde, foi uma fatalidade mesmo", explica Mara.
Ainda muito surpresos com a notícia da morte de Maria de Fátima, a família aguarda a liberação do corpo no Peru e a chegada ao Brasil, o que só deve acontecer na semana que vem. "O que está sendo mais difícil é não ter previsão certa de quando o corpo dela vai chegar aqui", conta a filha.
O corpo da professora já passou pelo IML da cidade de Cuzco, aonde estão as irmãs dela e os outros membros da excursão, e foi liberado nesta terça-feira (13). Nesta quarta (14), ele foi encaminhado para uma funerária em Lima e espera a documentação do consulado do Brasil no Peru para fazer o traslado até São Gabriel da Palha.
Desde que se aposentou, Maria de Fátima já tinha viajado para países como o Chile, Argentina e Paraguai. "Ela gostava muito de viajar. A gente até brincava que com a chegada dos netos ela deveria dar um tempo", lembra a filha.
"É preciso muito preparo", afirma médico
O médico cardiologista do Hospital Metropolitano, Eduardo Alberto de Castro, afirma que a grande altitude da cidade de Machu Picchu (2.430 metros acima do nível do mar) pode ter causado a morte da professora. "Cerca de 20% das pessoas que passam mal com os efeitos da altitude sofrem esse mal súbito", afirma.
Qual o efeito da altitude no corpo?
Em lugares de altitude, o ar é mais rarefeito, tem menos oxigênio. Nesses locais, os órgãos vitais ficam menos oxigenados e cada esforço se torna mais desgastante. Caminhar por 2 km em uma grande altitude requer o mesmo esforço que correr 10 km no nível do mar.
O que pode acontecer com menos oxigenação?
O mais comum é a pessoa sentir dor de cabeça, cansaço, tontura, principalmente porque o cérebro recebe menos oxigênio. No entanto, em pessoas que têm fatores de risco, pode acontecer derrames, paradas cardíacas ou edemas pulmonares.
Quem entra nesse grupo de risco?
Pessoas com mais de 40 anos, fumantes, hipertensos, pessoas com colesterol alto ou com histórico familiar positivo. Esse grupo de pessoas tem que fazer uma avaliação muito ampla do risco cardiovascular antes de viajar.
Tem como prevenir o acontecimento desses efeitos mais graves da altitude?
O corpo consegue se adaptar ao ar rarefeito em cerca de dois meses. Caso contrário tem que ter um condicionamento físico muito bom para enfrentar uma viagem dessa.
Existe remédio para ajudar na adaptação?
Quem não pode esperar esse tempo todo, em geral toma um remédio antes da viagem que ameniza os efeitos da dor de cabeça. No entanto, não há remédio que possa prevenir um mal súbito.
* Com colaboração de Natalia Bourguignon, do Gazeta Online